CHILE: MUITAS NUVENS NO HORIZONTE
Nota dos Editores
A eleição na segunda volta de Michele Bachelet foi festejada como acontecimento positivo no seu país, o Chile, na Venezuela Bolivariana, na Bolivia,no Equador e na Nicarágua. Washington reagiu com indiferença aparente.
O desfecho era uma certeza. Mas ficou a assinalar mais uma derrota da direita do que uma vitória das forças progressistas que lutam contra a pesada herança de Pinochet.
Bachelet obteve 62% dos votos e a candidata da direita,Evelyn Mathei, quase 38%. Mas a abstenção, 70%,colossal,reflectiu o ceticismo da grande maioria dos chilenos. Dos 13,5 milhões de inscritos apenas votaram 5,6 milhões.
Bachelet, foi candidata de uma coligação, Nova Maioria, que apenas difere da anterior, a Concertacion, por incluir o Partido Comunista que, apos o fim da ditadura, há quase um quarto de seculo, assumiu quase permanentemente uma posição critica em relação ao sistema institucional.
A presidente eleita somente tomará posse em Março, mas no próximo sábado, o Comité Central do PC, convocado para o efeito, decidirá se o partido participará ou não no futuro governo.
Não será uma decisão fácil porque a sociedade chilena continua a acusar a dramática herança de Pinochet. A constituição vigente é ainda a imposta pela ditadura. A desigualdade social- a maior do Continente- mantem-se intacta.1% dos mais ricos concentram 31% da riqueza nacional. Os 54% mais ricos ganham anualmente 257 vezes mais do que os 5% mais pobres.
O programa de Bachelet é muito ambicioso. Ela comprometeu-se durante a campanha a restabelecer o ensino público totalmente gratuito, a criar 60 hospitais e 300 centros de saúde, e a reformar a Constituição. Esse objectivo,concretamente, esbarrará com o veto frontal do novo Congresso onde a presidente não conta com a maioria de dois terços indispensável. Dos 120 deputados da Camara baixa, somente 68 foram eleitos pela Nova Maioria.
A desigualdade social cresce em ritmo alarmante. O presidente cessante, Piñera, orgulha-se de o Chile ter o arranha-céus mais alto da América Latina, a Grande Torre, com 300 metros, e os centros comerciais mais luxuosos do que os do Brasil, do México e da Argentina.
Mas o fato de o Chile ter apresentado desde 2010 um crescimento anual do PIB de 5,5 por cento, o mais elevado do Hemisfério, não melhorou a situação da classe operária (50% dos trabalhadores têm um salario mensal equivalente a 345 euros).
As gigantescas e repetidas manifestações de protesto dos estudantes desde 2011 expressam bem a profundidade do descontentamento popular, especialmente entre a juventude.
Enormes são os desafios que o governo de Michele Bachelet terá de enfrentar a partir da próxima primavera.
OS EDITORES DE ODIARIO.INFO
Cortesía de Miguel Urbano Rodrigues
No hay comentarios:
Publicar un comentario