Nota dos Editores
A vitória de Dilma Roussef na primeira volta das eleições presidenciais
brasileiras era esperada. Mas a vantagem de 8 pontos obtida sobre Aécio Neves
não é suficientemente ampla para garantir a sua reeleição a 26 deste mês.
A campanha eleitoral, inspirada no modelo norte-americano,
foi deprimente.
Três semanas foram suficientes para destruir a imagem de
Marina Silva que, apos a morte do socialista Eduardo Campos, surgira como
favorita.
De candidata da «esperança» que anunciava mudanças drásticas,
a pastora da Assembleia de Deus, próspera igreja evangelista, passou
rapidamente a demagoga oportunista comprometida com o grande capital.
O eleitorado acabou por lhe infligir uma derrota esmagadora.
A surpresa foi a grande
votação obtida por Aécio, um político de direita, ex-governador de Minas
Gerais, o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira-PSDB (na realidade
um partido neoliberal, fundado e liderado pelo ex-presidente Fernando Henrique
Cardoso).
Dilma venceu em 15 estados; Aécio superou-a em 9,
nomeadamente em São Paulo.
Qualquer previsão sobre o choque entre Dilma e Aécio seria
no momento especulativa. Marina Silva, a grande derrotada, declarou-se disposta
a apoiar Aécio na segunda volta. A soma dos votos da oposição, 57 milhões, é
muito superior à dos atribuídos a Dilma, 43 milhões. Mas influentes observadores políticos admitem que a maioria
dos 19 milhões de votos obtidos pela
pastora evangélica não é transferível para Aécio.
Seria uma ilusão romântica esperar que Dilma altere, se for
reeleita, a estratégia do seu primeiro mandato de clara tendência neoliberal
que ela tentou disfarçar com um ténue verniz progressista. A sua política económica
favoreceu as transnacionais, a banca e as grandes empresas brasileiras. Significativamente,
contou com o apoio de Barack Obama e da finança internacional. Mas na segunda
volta Aécio é o candidato preferido por Washington e pela grande burguesia
brasileira. Esse apoio não será provavelmente suficiente para lhe abrir as
portas da Presidência.
Nas eleições para a Camara dos Deputados, para o Senado e
para governadores dos 26 Estados da Federação, os resultados não foram
favoráveis ao PT, partido de Dilma Roussef.
OS EDITORES DE
ODIÁRIO.INFO
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