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martes, 27 de mayo de 2014

Eleições para o Parlamento Europeu: derrota do governo, rejeição das

Nota dos Editores
Eleições para o Parlamento Europeu: derrota do governo, rejeição das troikas

Os resultados das eleições para o Parlamento Europeu realizadas em 25 de Maio justificam desde já alguns breves comentários, que só poderão ser aprofundados quando houver conhecimento pormenorizado dos resultados globais:

1- A expressão “eleições europeias” envolve um deliberado equívoco. No fundamental, o que se passa neste dia é a coincidência no tempo de um conjunto de eleições nacionais. Nenhuma instituição europeia assenta em verdadeira representação democrática e a UE, tal como foi sendo configurada, é inteiramente avessa a procurar a legitimação democrática das políticas que impõe. Aquilo a que os media dominantes chamam “debate europeu” consistiu, nestas eleições, em introduzir a mistificação acrescida de “candidato a presidente da Comissão Europeia”. Todas as forças políticas que se prestaram a colaborar nesta nova farsa são cúmplices da ampliação da mistificação pseudo-democrática “europeia”.

2- Há em vários países indicações de significativos fenómenos de deslocação de votos. Tais indicações são insuficientes para que se procurem desde já identificar tendências, nomeadamente no que diz respeito ao em qualquer caso preocupante reforço eleitoral de forças de extrema-direita. Se existe sentido de conjunto em tais fenómenos é que eles são característicos de períodos de crise geral do sistema capitalista. E o que é fundamentalmente preocupante neles, mais do que a dimensão que assumam em tal ou tal país, é o facto de constituírem uma clara aposta da classe dominante em voltar contra si próprio o mal-estar e o desespero popular.
3-  Os resultados das eleições no nosso país têm um inequívoco resultado nacional: a pesada derrota sofrida pela aliança PSD/CDS (com uma quebra de mais de meio milhão de votos e de mais de 12 pontos percentuais) reiterou a rejeição nacional deste  governo ilegítimo apostado na destruição do país. A permanência em funções de um tal governo representaria uma nova e gravíssima afronta à vontade do povo português.

4- Se o governo PSD/CDS foi alvo de clara condenação, não é menos significativo que os partidos da troika nacional PS/PSD/CDS tenham, no seu conjunto, tido uma quebra de votação de mais de 400 mil votos e uma queda percentual de perto de 8%. Bem quis o PS apresentar-se nestas eleições com força de esquerda. Os ganhos que conseguiu não compensaram as quebras dos outros partidos da política de direita. E, neste sentido, é também essa convergência de projectos, programas e políticas que estas eleições rejeitaram.

5-Os resultados da CDU representam um significativo reforço e progresso: mais votos, maior percentagem, mais deputados eleitos. Resultados que são tanto mais de valorizar quanto foram obtidos nas infelizmente já habituais condições de desigualdade de tratamento, de silenciamento e de hostilidade por parte dos grandes meios de comunicação, da profunda diferença de meios das candidaturas, da instrumentalização das instituições do Estado por parte dos partidos do governo. Mas sobretudo por constituírem um sinal de forte combatividade e confiança num quadro de profunda crise económica e social, quadro este que a história ensina ser profundamente desfavorável à determinação na luta e à mobilização por uma verdadeira perspectiva de transformação social.

6- Os resultados destas eleições não constituem uma clarificação suficiente da situação política nacional e das perspectivas de saída da situação existente. Mas constituem um importante passo em frente, um acréscimo de confiança para a luta de massas que, essa sim, certamente acabará por derrotar de vez não apenas os governos mas a política da direita que há quase quatro décadas vem condenando os trabalhadores à exploração, o povo à pobreza, o país à dependência e ao atraso.


Os Editores de odiario.info

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